Narra uma crônica que um homem andava por uma estrada, acompanhado de
seus fiéis animais: um cavalo e um cão.
O homem não se deu conta que morrera e continuou andando, com seu cavalo
e seu cão.
Longa era a caminhada, morro acima. O sol estava muito forte e a sede
passou a castigá-los.
Numa curva do caminho, o homem avistou um portão magnífico, que conduzia
a uma praça calçada com blocos de ouro.
Cumprimentando o guardião da entrada, o homem perguntou que lugar era
aquele.
Descobriu que ali era o Céu!
Feliz em saber que estava em um local tão agradável, indagou se poderia
saciar a sua sede e a dos seus amigos, nas águas cristalinas da fonte que havia
bem no centro da praça.
- O senhor pode entrar e beber à vontade - disse o
guarda. Mas aqui não se permite a entrada de animais.
O caminhante ficou muito desapontado.
Grande era a sua sede, mas decidiu que não beberia sozinho.
Preferiu continuar sua caminhada.
Exausto, mais adiante, deparou-se com uma porteira que se abria para uma
estrada de terra, ladeada de árvores. À sombra de uma das árvores, um homem
estava deitado, cabeça coberta com um chapéu. Parecia dormir.
- Estamos com muita sede, meu cavalo, meu cachorro e eu - disse o caminhante.
Indicando uma fonte, entre algumas pedras, foi-lhe dito que poderia
beber à vontade.
O caminhante, o cavalo e o cachorro foram até à fonte e mataram a sede.
Em seguida, ele retornou para agradecer, e resolveu indagar:
- A propósito, como se chama este lugar?
- Aqui é o Céu - foi a resposta.
- Céu? - exclamou o caminhante, surpreso. Mas já passei pelo Céu.
Era um lugar muito bonito com um grande portão, muito mármore e ouro.
- Aquilo não é o Céu, esclareceu o outro. Aquilo
é o Inferno.
O caminhante ficou perplexo.
- Mas, vocês deviam tomar uma providência. Com a informação errada, que
lá, naquele lugar, é dada, pode ocasionar muita confusão. Muitas pessoas podem
ser enganadas.
O homem sorriu e calmo, explicou:
- Na verdade, eles nos fazem um grande favor, porque lá ficam todos
aqueles que são capazes de abandonar seus melhores amigos.
* * *
Fácil é a conquista e manutenção de amigos, quando a juventude compõe
versos e a riqueza sorri. Contudo, é na forja da adversidade e das graves
problemáticas, que os verdadeiros amigos se revelam. São esses que permanecem ao nosso lado, mesmo quando o mundo inteiro nos
volta as costas. São eles que prosseguem conosco, mesmo que nos vistamos com os andrajos
da pobreza e o infortúnio nos abrace.
Pensemos nisso!
Fonte: site Momento
Espírita, com base em crônica de autoria de Paulo Coelho,
publicada no Jornal O sol nascente (RJ), de janeiro de
2009.
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Anjos..se gostarem cometem...